sexta-feira, 1 de abril de 2011

Jair Bolsonaro: o inimigo número 1 dos homossexuais

Foi preciso um programa de massa, como o "CQC", da Band, para que Jair Bolsonaro viesse a público como uma das figuras mais preconceituosas do nosso atual cenário político. Eleito deputado federal do Rio de Janeiro pelo Partido Progessista, que apresenta uma contradição por ser uma das legendas mais reacionárias, Jair Bolsonaro é militar de formação, defensor da ditadura, a favor da tortura em caso de tráfico de drogas e homofóbico declarado. Muito antes da polêmica envolvendo a cantora Preta Gil, o deputado já era bastante conhecido pelo público gay por alardear barbaridades contra os direitos dos homossexuais. Ano passado, durante o programa "Participação Popular", na TV Câmara, em que se discutia a "Lei da Palmada" - projeto que proíbe qualquer punição corporal a crianças - Jair Bolsonaro deu um recado aos pais que desejam mudar o comportamento de um filho gay, ou seja, torná-lo hétero: partir para a agressão física. O deputado comparou, na mesma linha de raciocínio, dependentes químicos com filhos homossexuais. "Se o garoto anda com maconheiro, ele vai acabar cheirando, e, se anda com gay, vai virar boiola com toda certeza. Nesse momento, umas palmadas nele coloca o garoto no rumo certo", disse à "Folha de São Paulo". Principal articulador da frente "antigay" no Congresso, Jair Bolsonaro chegou a afirmar que o chamado "kit-gay" - material desenvolvido pelo MEC (Ministério da Educação) para o ensino fundamental em combate à homofobia - "estimula a promiscuidade e o homossexualismo". Não satisfeito, declarou que "em nome da família e dos bons costumes" fará de tudo para impedir qualquer projeto de lei que beneficie a classe LGBT. Entre outras pérolas, considerou que filhos de pais presentes não se tornam homossexuais. Somando tudo isso a declaração racista contra a cantora Preta Gil, criou-se um movimento forte contra o deputado. Em um dia, o assunto virou o mais comentado no Twitter. Com a hash tag #forabolsonaro, personalidades da mídia e da comunidade LGBT se manifestaram em repúdio às declarações preconceituosas do deputado. A senadora Marta Suplicy (PT-SP), relatora do projeto de lei que criminaliza a homofobia, o PLC 122, lamentou a postura de Bolsonaro considerando um "escândalo que ainda existam deputados como esse". A escritora lésbica Vange Leonel afirmou que se sentiu humilhada com a entrevista de Bolsonaro ao "CQC". "O 'Bostonaro' pode ser punido com base na Lei Afonso Arinos (racismo)? Sim. Por isso nós LGBTs precisamos aprovar o PLC-122. Entenderam?", esbravejou em sua página no Twitter. A cantora Zélia Duncan também reagiu às provocações do parlamentar. "Bolsonaro admite ser homofóbico, mas nega ser racista, pois racismo no Brasil é crime, homofobia não. Quem está enojado como eu, levanta a mão!". Carlos Tufvesson, da Coordenadoria da Diversidade Sexual da Prefeitura do Rio de Janeiro, afirmou que não se pode aceitar qualquer forma de preconceito, seja o racismo ou a homofobia. O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), principal alvo no Congresso por defender os direitos LGBTs, declarou ao "Estadão" que o parlamentar "sabe que foi traído pela língua e que pode ser cassado por racismo. Então está tentando dizer que é 'só' homofóbico". Carlos Bolsonaro (PP-RJ), vereador no Rio de Janeiro, também faz jus ao seu sobrenome. Em entrevista à revista "Alfa", questionou: "Que pai tem orgulho de um filho gay?". A declaração, no entanto, não causa surpresa. Era de se esperar tal postura, de quem é educado em um ambiente repressor e extremista. Com tantos absurdos proferidos por Jair Bolsonaro, admira-se o fato de que só agora seu mandato possa ser cassado. Enquanto salientava seu repúdio aos homossexuais, o deputado se mostrava impune a críticas. Agora, com a declaração racista a Preta Gil, acredita-se até em punição. Se há algum fato positivo nesse triste episódio envolvendo um parlamentar e a comunidade LGBT, é a clara importância de se tornar a homofobia um crime nacional. Nesses tempos de Bolsonaros e agressões a jovens gays em São Paulo, a aprovação do PLC 122 nunca se fez tão necessária.

Nenhum comentário:

Postar um comentário