Depois de ser ultrapassado pela adversária Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas de intenção de voto da corrida presidencial e aumentar os ataques à petista, o candidato do PSDB, José Serra, viveu dia de “amor e ódio” com o presidente Lula.
No horário eleitoral do rádio, o apresentador de seu programa acusou Dilma de “dizer que é dona de tudo” que Lula fez. À tarde, porém, Serra acusou a gestão Lula – sem citar o nome dele – e o PT de tentarem censurar e intimidar a imprensa, no 8º Congresso Brasileiro de Jornais, no Rio.
Na propaganda eleitoral noturna, porém, veiculou imagens suas ao lado do presidente, com o narrador chamando-os de “homens de história” e “líderes experientes”. O PT vai à Justiça para impedir o uso das imagens (leia abaixo). As críticas mais pesadas à gestão do presidente e ao PT foram feitas no Rio, no evento da Associação Nacional de Jornais.
Sem citar o presidente Lula, Serra afirmou que as tentativas de cercear a liberdade se dão de três formas. A primeira, disse, é a “via democrática entre aspas”, pela realização de conferências como as de comunicação, que “se voltaram de fato a controle da imprensa, através do suposto controle da sociedade civil”. “Quantas pessoas podem ter participado dessas conferências? Quinze mil? Vinte mil? Não representa o povo brasileiro.”
Ele ainda acusou o governo de usar a publicidade estatal como “instrumento com critérios de manipulação”. Também criticou a TV Brasil, da estatal EBC – “feita para não ter audiência, criar empregos e ser instrumento de poder para partido”. Ele denunciou suposto patrulhamento contra jornalistas.
Serra admitiu que,“às vezes”, reclama da imprensa, mas afirmou que não o faz com o ânimo de quem quer censurar. Em entrevista, Serra se recusou a responder a perguntas sobre os ataques e virou as costas a jornalistas após um deles perguntar se ele considerava o PT um partido antidemocrático.
Mas voltou para responder só uma pergunta, da TV Globo – pela audiência da emissora, que passou a noticiar agendas diárias de campanha. Atacou o governo e o PT, lembrando mensalão.
“Eu na Presidência vou respeitar até o fundo da alma essa liberdade de expressão e de informação, porque ela é a garantia da democracia. Não fosse essa liberdade não teriam sido descobertos mensaleiros, violadores de sigilos, portadores de dinheiro na cueca e outras coisas.”
De crítico a criticado
O programa de rádio de Serra veiculado durante o dia criticou Dilma pelo fato de ela ter reclamado de um dos apresentadores ter voz similar à de Lula. “Até o presidente já elogiou (Serra). Será que é ciúme?”
Os ataques se estendem: “Ninguém sabe de onde (Dilma) veio, o que ela fez. Mas diz que é dona de tudo, o Brasil inteirinho foi ela que fez. Dona Dilma pega leve, o povo tá reparando, tira a mão do trabalho do Lula.”
À tarde, porém, foi a vez de Serra ser criticado. E pelo próprio aliado: presidente do PTB, Roberto Jefferson o acusou no Twitter de ser “responsável pela nossa dispersão”, em referência aos aliados do tucano. “Nunca nos reuniu”, afirmou.
“Apoio Serra a pedido do Geraldo Alckmin. Não conheço Serra. Só de ouvir falar”. Jefferson ainda atacou o marqueteiro tucano, Luiz Gonzalez. “Se ele ouvisse políticos, não poria no ar uma favela fake, nem o bobajol do Zé”. À noite, porém, amenizou posição e passou a defender a candidatura do tucano.